Na realidade futebolística nacional, não é fácil encontrar noticias referentes ao nosso Farense, mas aqui e ali vão surgindo algumas crónicas que nos tocam e enchem de orgulho e nos lembram o quão grande é o nosso Farense.
Vagueando pela net deparei-me com esta crónica em umrematecerteiro.blogspot.pt ,que é digna de partilha.
Esta semana no “Remate na Gaveta” revisitamos
a temporada de 1994/95 e, mais precisamente, o clube que foi sensação nessa
época, garantindo um inédito apuramento para as competições europeias. Falamos
de um clube que é mais do que o símbolo de uma região, que marcou uma era no
futebol português e que pretende voltar a fazê-lo nos próximos anos! Hoje
recordamos e eternizamos o SC Farense!
Confesso que me dá imenso prazer falar deste
clube, da grandeza da instituição e das suas gentes, do impacto que teve no
futebol português especialmente nas décadas de 80 e 90, da coragem e força que
o fez renascer depois de um período menos bom na sua história e que hoje lhe
permite ambicionar voltar ao escalão principal do futebol português.
Para alcançar o estatuto de clube mais antigo
e com maior historial do Algarve, o SC Farense teve de lutar muito, a maior
parte das vezes em escalões inferiores. Foi assim desde a sua fundação a
01/04/1910 até 1970, ano em que o clube conseguiu, pela primeira vez, a
presença na divisão máxima. De realçar que os Leões de Faro conseguiram ser campeões Segunda Divisão na temporada
de 39/40, depois de vencerem a sua série (Zona Sul) e os play-offs (Campeões
Nacionais), mas não conseguiram a promoção à Primeira Divisão uma vez que os
campeonatos da altura eram restritos aos círculos de Lisboa e Porto, não
permitindo a entrada de novos clubes (esta situação verificou-se até à temporada
de 41/42). Depois de conseguidos alguns primeiros lugares na Zona Sul (não
triunfando no play-off) e até da descida ao terceiro escalão, o SC Farense
recarregou baterias e em apenas dois anos conseguiu a tão ambicionada subida à
Primeira Divisão no ano de 1970!
Apesar da subida, o clube foi oscilando entre
as duas maiores divisões do futebol português até que chegou a Faro um senhor
espanhol de seu nome Francisco Fortes Calvo, Paco Fortes no mundo do futebol.
Na temporada de 89/90 conseguiu a subida à Primeira Divisão e a altamente
improvável presença na final da Taça de Portugal! O jogo, frente ao Estrela da
Amadora, terminou empatado 1:1 após prolongamento, o que obrigou à realização
de uma finalíssima que viria a perder por 2:0. Estava dado o tiro de partida
para o melhor período da história deste grande clube. Nos 8 anos em que o catalão
comandou a equipa, conseguiu excelentes resultados mas, acima de tudo, criou a
imagem que eu e muitos outros adeptos têm do clube: aguerrido, lutador, com
muita alma e muita paixão!
Jamais poderá ser esquecida a temporada de
94/95… É certo que nas temporadas anteriores o clube já tinha conseguido o
sexto lugar (por duas vezes) e o oitavo lugar e começava a não ser surpresa
para ninguém aquilo que os Leões de Faro
iam conquistando, mas o acesso às competições europeias é um marco que nenhum
adepto deste clube certamente se esquecerá!
Paco Fortes transformou jogadores em estrelas
e construiu uma verdadeira constelação em torno de valores como a entrega, o sacrifício,
o arrojo, a entrega, a paixão!
Peter Rufai tinha sido a grande contratação da
época, guarda-redes internacional nigeriano, proveniente do campeonato
holandês. Na defesa, Paixão, o brasileiro King, Miguel Serôdio e Jorge Soares
foram os mais utilizados (Portela e o angolano Raúl como segundas opções) e
todos eles contribuíram para que o SC Farense fosse uma das melhores defesas do
campeonato nessa mesma época. No meio-campo não haviam dúvidas, o trio composto
por Sérgio Duarte, Hugo e o marroquino Hajry davam todas as garantias de bom
posicionamento, técnica, qualidade de passe e irreverência necessárias para a
equipa chegar ao último terço do terreno e criar ocasiões de golo para os
jogadores mais avançados. Na frente Tozé e Djukic iam ocupando a única vaga
disponível, porque uma delas estava destinada a Helcinho e a de ponta-de-lança
estava há muito (bem) entregue ao marroquino Hassan!
Da segurança que Rufai transmitia aos
restantes jogadores, da solidez de todo o quarteto defensivo, da espontaneidade
do jovem Hugo e da qualidade e experiência de Hajry, do instinto matador de
Hassan… lembro-me de tudo! Era uma das minhas equipas favoritas da altura, uma
das páginas da caderneta de cromos da Panini em que mais me empenhava para
garantir que estava preenchida, que não faltava um! Era criança mas estes Leões de Faro não deixavam ninguém
indiferentes…
Recordando aquilo que foi a temporada, convém
destacar o facto de a equipa estar no preocupante 14º lugar no final da
primeira volta, a apenas dois pontos de avanço dos lugares de despromoção! Era
necessária uma grande segunda volta, com garra, com ambição, com querer… e foi
precisamente isso que Paco Fortes conseguiu incutir no seio da equipa! Uma
segunda volta com 11 vitórias, 2 empates e 4 derrotas é uma segunda volta de
grandíssimo nível, não tenhamos a mínima dúvida!
Hassan foi um dos grandes
heróis da equipa, marcando 21 golos e conquistando o título de melhor marcador
da Primeira Liga! Mas, acima de tudo, prevaleceu o espírito de equipa, de
solidariedade, de combatividade que reinava na equipa de Faro! Paco Fortes decidiu
transformar o S. Luís num autêntico forte, em 17 jogos a equipa venceu por 13
vezes, empatou 1 e perdeu apenas 3 (frente a Sporting CP, Sp. Braga e FC
Porto), conseguindo um goal average favorável de 29-9! Números incríveis! Foi
desta forma que os Leões de Faro alcançaram a melhor posição de sempre,
conseguindo o inédito apuramento para as competições europeias (viriam a perder
na primeira eliminatória com o Lyon por um resultado agregado de 2:0)!
No entanto, a crise financeira com que o clube se deparou acabou por levar a que vários jogadores influentes na equipa rescindissem o contrato (ainda no final da época de 94/95, exemplos de Hugo, Raúl, Miguel Serôdio e Sérgio Duarte) ou saíssem para outros clubes (Hassan foi para o SL Benfica no final dessa época). Apesar de se ter mantido no escalão máximo do futebol português até 2001/02 (já sem Paco Fortes desde 1998), o clube tinha acabado de entrar num dos períodos mais negros da sua história, descendo de divisão durante 3 anos, consecutivamente, parando apenas na Terceira Divisão e, em 2005/06 foi mesmo desclassificada, após não ter conseguido inscrever a sua equipa no campeonato nesse ano.
A queda foi grande, mas a vontade de voltar a
ser quem tinha sido era ainda maior! A equipa começou do zero, da Segunda Divisão
Distrital e hoje milita na Segunda Liga! Os adeptos nunca a abandonaram, foram
muitos os jogos nos escalões inferiores em que o S. Luís fazia inveja a muitas
equipas da Primeira Liga em termos de assistências! A garra e a paixão dos
farenses estão lá, nunca deixaram de estar e eu não tenho a mínima dúvida que essa
força vai fazê-los voltar ao lugar onde deviam estar, ao convívio entre os
grandes… porque o SC Farense é grande!
Obrigado Leões de Faro! Uma vez amados, para
sempre recordados!
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