São inúmeros os documentos (livros, reportagens televisivas e artigos de imprensa) sobre o futebol, seja por sociólogos, jornalistas, comentadores desportivos, opinion makers ou hooligans assumidos.
O livro que me encontro a ler de momento é a Viagem ao mundo ultra, escrito por alguém que não se enquadra em nenhuma das categorias atrás mencionadas, nem sequer se identifica como um ultra, é simplesmente um adepto de futebol com preferência clubista como grande parte da nossa sociedade “sportinguista” mas sem grande fanatismo por o mesmo, apenas gosta de acompanhar a nossa selecção ao estrangeiro e foi numa dessas viagem que dista ao Europeu de 96 que começou a sua vivência com os Ultras Portugal, cujas experiencias assentava no seu diário.
Deixo certos excertos escritos por alguém que considero imparcial, simples e sincero, que consegue transmitir a verdadeira essência do que e ser ultra…sem nunca o ter sido.
Euro - Inglaterra96
“Quem se interesse pelas histórias política e literária de Portugal, no século XIX, encontrará vários casos em que o vocábulo Ultra é empregue: ultra-realistas (os miguelistas ou absolutistas portugueses mais radicais), ultra-conservadores ou, ultra-progressistas (os mais à direita e esquerda no espectro politico), ultra-românticos ( a escola romântica e empolada), entre outros. Também durante o estado novo se falava na direita ultra, a mais acérrima defensora da presença no ultramar.
No mundo do futebol, o ultra é o individuo mais activo das claques, que pelo amor, dedicação e empenho ao clube da sua escolha se distingue dos sócios, adeptos e simpatizantes ou mesmo dos outros membros desse agrupamento restrito. É pelo futebol e para o futebol que vive, sobretudo o do seu clube, qualquer que ele seja. Melhor, é aquele individuo que faz do desporto-rei o seu elo de ligação com o universo que o rodeia, que o conhece a fundo, de forma enciclopédica, obsessiva, que programa a sua vida do dia-a-dia em função do futebol, que faz dele o centro da sua existência, das suas conversas, dos seus interesses. Que o utiliza como pretexto e forma de conhecer o mundo (político, social, económico) viajando, lendo, dialogando, divertindo-se. Que recorda muito dos seu passado em função deste jogo.
Em Itália são conhecidos por Tiffosi, isto é, os atingidos pelo tifo, os doentes da bola. Em Inglaterra – e por essa Europa fora – são referidos como os hooligans, os arruaceiros, os marginais. Mais do que um problema de segurança – que por vezes são – os Ultras são um fenómeno cultural, cultual, muito mencionado, criticado e estudado, mas não necessariamente entendido. Constituem o núcleo duro do que Desmond Morris designou por tribo de futebol, no livro homónimo. Conseguirá a pseudo-civilização que nos brutaliza, que nos lava o cérebro, destruir mais este clã, mais esta tribo, como fez e como faz com os índios de todas as Américas? Esperemos bem que não, em nome da diferença e da fuga à norma. “
2 comentários:
Depois de leres, podes emprestar? Parece-me bastante bom.
Melhor que o texto só mesmo a Foto... haahaha
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