Euro2000 na Holanda e Bélgica
“Conhecem aquela frase lapidar com que o filme trainspotting, se define o efeito da heroína: “ Considerem o vosso melhor orgasmo, multipliquem-no por mil e mesmo assim não chegam sequer lá perto”? Para mim, o euro 2000teve momentos desses.
A pura adrenalina, a magia do golo, os noventa minutos a cantar, a saltar, a sorrir, a abraçar os amigos (e os desconhecidos), a agitar os braços, a bandeira, o caschecol – nada, ou quase nada, substitui esses efémeros mas lendários instantes, lendários então, lendários para toda a eternidade.
Sexo, dinheiro, sucesso, viagens, conhecimento – tudo se reduz a pó perante a amizade, a partilha, a loucura das bancadas.
Para tal não são necessários os recursos à violência, às drogas, ao álcool, à diluição da vontade própria da multidão.
Não, o próprio jogo inebria, entusiasma mesmo quem esteja a fazer a festa sozinho (como me sucedeu no Portugal-Roménia).
Dai que se possa afirmar que o individuo, nunca estando só no estádio, não perde a consciência da sua singularidade, das suas emoções, que se multiplicam – à apoiar a selecção do seu país.
Assistir a um jogo de futebol de forma activa e participativa requer muita energia, muita voz, nervos de aço (para os momentos difíceis), capacidade de adaptação (aos maus resultados) e uma entrega total á festa. Ao suar num estádio, como se suou na Holanda, ao gastar rios de dinheiro e dormir mal em parques de campismo infestados, o verdadeiro adepto – o ultra – atinge o pico da sua existência, deixa para trás a camada d epiderme que enverga no dia-a-dia. Sobe um degrau mais em direcção ao paraíso que está reservado para quem, durante um infinitesimal lampejo da história do universo, agarra a vida pelos cornos e é senhor do seu destino.”
1 comentário:
Continuo a pedir o livrinho emprestado... Coisa mai linda!!!
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