domingo, 17 de novembro de 2013

4 em 1

A minha realidade esta época tem sido negra a nível de presenças, cada vez há menos facilitismos a nível laborais, mas nos últimos jogos tenho-me vingado. Mas essa minha ausência acaba por se refletir a nível do blog, pois ao não estar presente pouco poderei transmitir e acredito que temos sempre uma mensagem a transmiti, algo a refletir de cada jogo, para continuar este nosso crescimento. No entanto vão-me chegando aqui e ali uns textos e crónicas que vou dando o devido destaque sempre que o mereçam, desta vez fui descobrir uma crónica que envolve 4jogos, os quais não pude estar presente e que a considero excelente. Farense - Tondela, Feirense - Farense, União da Madeira- Farense, Farense - Covilhã . 4 em 1, palavras de um ultra, palavras do Velhote!


"Várias vezes digo que a vida de um ultra não é fácil, mas é a vida que alguns de nós escolhemos. E como em tudo na vida, na de ultra não é excepção, existem aquelas alturas menos boas, em que a motivação não está tão em alta. Comigo isso acontece quando a monotonia se instala no meio da bancada. Mas depois ocorre o que vou relatar nas próximas linhas, 4 jogos do meu farense, tão diferentes entre si, tão especiais à sua maneira, que só me faz desejar que haja jogos diariamente. Diz o povo que cada um tem o que merece, pois se eu mereço isto, de futuro quero tudo o que tenho direito.
Jogo1: A coreografia
O primeiro acto desta curta-metragem acontece no S. Luís, num jogo contra o Tondela. Nada como a idealização de uma coreografia para a mobilização das tropas. Desde a época passada que não se via tamanha azafama na sede SS, dezenas de ultras projectando e pintando, muitos metros de plástico e litros de tinta, mais alguns de cerveja e muitas horas diurnas, muitas mais nocturnas. Sem dúvida que a malta gosta é disto. Os ultras quando convocados aparecem e dão o seu contributo. Pois as coreografias SS são sempre um espectáculo e todos sabem que para isso acontecer é preciso todos darem a sua parte. O que alguns idealizam outros concretizam. Os South Side somos todos nós. Aproveitando a embalagem do trabalho da semana, a bancada já estava composta antes do início do jogo. Tudo preparado. Os nossos heróis entram em campo e são brindados com um plástico gigante preto e branco com as frases: Defende o teu Clube… Honra a tua Cidade, cobrindo toda a bancada. Três plásticos mais pequenos com o símbolo da morte, o símbolo SS e o símbolo do Farense sobem até ao meio do plástico gigante. A coreografia saiu bem, altura de recolher tudo, que a malta quer é começar a cantar. Para variar uma semana de trabalho para 5 minutos de bancada. Alguém ao meu lado opina: “Tão pouco tempo, isto é mesmo só pra foto.”Respondo de imediato: Não amigo, não é só para a foto, é para transmitir uma mensagem. Cara de espanto para quem não sente o que nós sentimos. Mas o jogo lá começa e eis que a prestação dos SS até a mim me surpreende. As vozes afinadíssimas ecoavam a um nível há muito não escutado no S. Luís. Normalmente passo o início do jogo a tirar fotos e consoante a composição da bancada consigo prever a intensidade do primeiro cântico. Ou assim pensava, neste jogo descobri que não percebo nada disto. A malta esteve em muito alto nível e foi uma constante durante todo o jogo. Não fomos brindados com golos, mas também não se pode querer tudo na vida!
Jogo2 : A invasão
Eis que para o segundo acto um autocarro à pinha sai de Faro rumo ao Norte, para um Feirense-Farense. Uma paragem a meio caminho para apanhar a malta de Lisboa. E se houvesse alguém que já estivesse sem gás, a entrada daqueles moços até despertou os mortos! Festa rija dentro do Bus SS, festa rija na bancada. Para não faltar à regra, as gargantas apresentaram-se proporcionais às bebedeiras. Bons cânticos. Na minha opinião em termos de prestação de bancada, esta invasão e o jogo anterior em casa contra o Tondela, até a data foram os melhores jogos desta época. As forças policiais é que não acompanharam a festa. Essa malta anda sempre carrancuda e antipática, sempre cheia de regras e trintas e uns. Vivam a vida rapazes e aproveitem para cantar connosco, abandonem as realidades patéticas do vosso dia-a-dia e juntem-se a nós. Ou não. E continuem a descarregar botijas de mace, acompanhadas de bastonadas à sobremesa. Cada um faz o que pode. Ou cada um faz o que lhe mandam? Eu, faço o que quero! Mas enfim, uma boa deslocação com reviravoltas no resultado e com golos. No final, nos penáltis lá abandonámos a Taça de Portugal. Mais uma vez, nem tudo pode ser perfeito.
Jogo 3: A dedicação
Sem descanso aparece o terceiro acto. Mais uma viagem à Madeira, a segunda no mês de Outubro. Certas pessoas que me conhecem minimamente e sabendo desta vida que levo, têm sempre um cliché para mandar quando me encontram. É como diz o outro, um desbloqueador de conversas. Há alguns tempos atrás, aquando da altura negra do clube era do tipo: «Então o Farense ainda existe?» Com o Farense nas bocas do mundo outra vez, a conversa mudou para: «Então ainda segues o Farense… E vais a todas? Ganda maluco» Encolho os ombros e respondo que estou presente quando a vida assim o permite e com muito orgulho. Mas confesso que ir três vezes à Madeira no mesmo mês não é pêra doce, nem para a carteira nem para a família. Mas lá se vai indo, mostrando que o nosso amor é incondicional. E para este fomos seis. O resumo das visitas à Madeira é muito fácil: Coral, Espetadas, jogo e ponchas. Não se passa mais nada nem tem que se passar. No final repetiria tudo de novo, pois as experiências destas curtas viagens ficam bem guardadas nas memórias de todos os valentes que estão presentes. E pode-se pensar que seis vozes são poucas, mas num estádio em que os únicos sons que se ouvem são os berros dos jogadores, seis vozes são uma multidão, mais ainda se forem seis vozes incansáveis durante os 90 minutos. O difícil e cansativo é conversar durante as letras dos cânticos. É do tipo: Faro é a cidade que me viu nascer (então não marcou falta), Farense é o clube que me viu crescer (Dasss é sempre a mesma merda), Desde puto vou à bola para te ver vencer (Bebia agora mesmo uma Coral de penalti), Vou te apoiar mesmo que estejas a perder. Não é fácil! Mais um empate na bagagem de regresso ao continente.
Jogo 4: A Vitória
O quarto e último acto desta peça Ultra, é a cereja no topo do bolo. O resultado final do jogo pouco interessa, mas o maior sonho de todos nóSS é ver o nosso clube na primeira Liga. Para isso são necessárias vitorias. A bancada estava bem composta e os cânticos bem entoados. Tanto apoio, dedicação, devoção e empenho da nossa parte e finalmente, dizem os entendidos, uma bela prestação da equipa a brindar todos os Ultras SS presentes com a segunda vitoria esta época e já la vão quase duas dezenas de jogos. 2 Golos sem resposta fazem renascer a nossa ambição e renova-nos a moral. Sem dúvida um belo tributo daqueles para os quais vai tudo o que fazemos, tudo o que sentimos. Quem sabe se não será o início da escalada até onde pertencemos. Para já o tal desbloqueador de conversa já mudou outra vez: «Atão o Farense lá ganhou?!» Encolho os ombros e já nem digo nada, mas penso cá para mim que já na próxima quarta-feira rumo à Madeira mais uma vez para fazer aquilo que sei e que gosto de fazer melhor. A cantar… Sem parar! 

Desde Sempre… FARENSE… Para Sempre!"

in "http://ultrassouthsideboys.blogspot.pt"

1 comentário:

Andy Capp disse...

Bela crónica, verdadeiro sentimento Ultra...

NO AL CALCIO MODERNO